
Sífilis: uma patologia com diversos aspectos clínicos!
A ideia de fazer um texto sobre este assunto resulta do número crescente de pacientes que têm procurado atendimento em decorrência de lesões ocasionadas pela sífilis.
A maioria das lesões bucais apresentam características clínicas peculiares que auxiliam o estomatologista no diagnóstico. A sífilis, um doença sexualmente transmissível ocasionada por uma bactéria, pode se apresentar de diversas formas, dependendo da sua fase clínica no momento da consulta. Por exemplo, a lesão inicial ocorre no local da inoculação e caracteriza-se por uma ferida/úlcera indolor (Foto A) que surge após 10 a 90 dias do contato inicial. Desaparece sem tratamento. A fase secundária ocorre de seis semanas a seis meses após a fase inicial. Caracteriza-se por manchas no corpo, mal estar, linfonodos-inguas, doloridos e lesões em boca. (Fotos B, C, ). Os sinais e sintomas perduram por semanas e, assim como a sífilis primária, somem sem tratamento, dando uma falsa sensação de cura.
Após anos, surge a sífilis terciária que é altamente destrutiva. Pode acometer o sistema nervoso e circulatório, resultando na morte do paciente, se não tratado. Na boca, caracteriza-se por necrose extensa que pode ocasionar perfuração do palato duro (céu da boca). Felizmente, a quase totalidade dos casos é diagnosticada na fase secundária. Razão pela qual, não há foto clínica desta fase.
O diagnóstico é realizado por exame sorológico (VDRL/FTA-ABS). O tratamento é realizado com o uso de penicilina G benzatina. É de extrema importância que os parceiros também sejam investigados e, se necessário, tratados.

Foto A: Úlcera indolor em borda de língua. Cancro da sífilis primária.

Foto B: Áreas despapiladas em dorso de língua.

Foto C: Placa mucosa em palato duro. Placa de aspecto perolado.